Crítica Netflista: Estou Pensando em Acabar com Tudo
Classificação: C
Sinopse
Lucy (Jessie Buckley) embarca numa viagem para conhecer os pais do seu namorado Jake (Jesse Plemons), ao mesmo tempo que pensa em como romper seu relacionamento com o rapaz.
Mas será que vale a pena assistir ao filme escrito e dirigido por Charlie Kaufman? Confira a seguir a nossa crítica, a primeira de uma nova série aqui no Netflista.
Crítica Netflista: Quero Ser Charlie Kaufman
O personagem principal de Quero Ser John Malkovich é um manipulador de marionetes fracassado que descobre uma maneira de entrar dentro da cabeça do ator John Malkovich. A história para lá de excêntrica saiu da cabeça do roteirista Charlie Kaufman.
Em determinado ponto do filme, John Malkovich (já sob o controle do protagonista) decide largar a carreira de ator para se tornar… manipulador de marionetes! Mas agora com grande sucesso. Afinal de contas, trata-se de John Malkovich, e qualquer coisa que o ator faça ou deixe de fazer deve ter um significado muito profundo.
Depois do filme que o lançou para o mundo, Kaufman ainda assinou outros roteiros brilhantes, como Adaptação e Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, antes de se lançar também como diretor.
É dessa nova fase que saiu Estou Pensando em Acabar com Tudo, que entrou em 2020 no catálogo da Netflix. Ao acabar de assistir ao filme — e ler as críticas especializadas — não pude deixar de me lembrar de Quero Ser John Malkovich. Mas nós já chegamos lá.
A história adaptada do romance I’m Thinking of Ending Things, de Iain Reid, acompanha a jovem Lucy, que parte numa viagem com o namorado Jake para a casa dos pais dele, ao mesmo tempo em que planeja terminar o relacionamento. A trama banal não demora para descambar num emaranhado surrealista bem ao estilo de Kaufman.
Antes de dar minha opinião, devo dizer que não tenho nada contra filmes com final aberto ou mesmo sem grandes explicações. Ao contrário, quem me leu nos meus romances (Gigolô) Abandonado e O Roteirista sabe que sou até afeito a histórias abertas a múltiplas interpretações.
O problema com Estou Pensando em Acabar com Tudo é que o roteiro e, principalmente, a direção pesada de Kaufman, tornam a experiência maçante para quem assiste. Em vários momentos, a confusão parece surgir apenas para satisfazer o diretor. Por essas e outras decidimos não incluir o filme na nossa lista de melhores originais da Netflix em 2020.
É claro que o filme tem vários acertos. Posso citar aqui a atmosfera criada asfixiante em seus exageros de cores e escuridão. Além, é claro, das atuações. Jesse Plemons já se tornou um dos meus atores favoritos desta geração — meu sonho era vê-lo num filme de Woody Allen — e Jessie Buckley também é perfeita.
Vale ponderar ainda que assistir pela Netflix a uma história repleta de simbolismos, seja nas cenas ou nos diálogos (alguns um pouco “entendedores entenderão” demais para o meu gosto), também não favorece a experiência. Quem sabe minha avaliação fosse diferente se tivesse visto no cinema?
De todo modo, se estivéssemos diante do filme de um estreante, tenho certeza de que a crítica pegaria pesado ou até mesmo ignoraria por completo Estou Pensando em Acabar com Tudo. Mas como se trata de Charlie Kaufman, toda bagunça não só é perdoada como ainda é classificada como genial.
Aposto que se amanhã Kaufman anunciar que vai largar o cinema para se tornar manipulador de marionetes os críticos vão delirar.
Ficha técnica
- Direção e roteiro: Charlie Kaufman
- Elenco: Jessie Buckley, Jesse Plemons, Toni Collette eDavid Thewlis
- Ano de lançamento: 2020
- País: Estados Unidos
Classificação:
- Direção: 2
- Roteiro: 3
- Atuações: 4
- Música: 3
- Fotografia: 4
Nota final: 3,2 ou “C”
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